História de uma vocação

 Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei: uma missionária

Clarissa Capuchinha, fundadora do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil -RS
Irmã Maria Bernarda, uma das fundadoras do primeiro mosteiro das Capuchinhas no Brasil

No século, Giuditta Franca Maria Cursano, nascida no Abruzzo, norte da Itália, em 11 de setembro de 1930. Foi batizada no dia do anjo da guarda, 02 de outubro, por quem nutria especial devoção. E aos 7 anos recebeu a Eucaristia e o Santo Crisma. Viveu e suportou as atrocidades da 2ª guerra mundial. Graduada em Direito, também foi mestra desta matéria, seguindo com certa reverência os passos paternos.

Atenta aos sinais de Deus em sua vida, buscava descobrir onde era melhor serví-Lo, inicialmente se consagrou no Instituto Secular das Missionárias de Cristo Rei, tornava-se assim como o fermento na farinha da parábola sobre o Reino dos Céus (Mt 13,33), mas ficar no mundo não lhe parecia uma via segura. Desejava colocar-se a serviço na África como missionária entre as crianças. Convidada para tornar-se beneditina por uma amiga, achou que "não combinava com esse modo de vida".

Mas aos 32 anos (17/09/62) conheceu o mosteiro das Monjas Capuchinhas em Roma, e não teve dúvidas, ali era o lugar onde serviria a Jesus, dando-se inteiramente. O dinheiro do dote recebido do pai ("uma quantia vultosa") enviou aos Freis Capuchinhos com missões no continente africano, pois a Ordem não o quis. No mosteiro serviu em diversos trabalhos, inclusive como Mestra de Noviças. Era uma artista nata, mesmo sem estudo na área pintou diversos quadros.

Em 1979, aos 49 anos, veio para o Brasil junto com quatro Irmãs para trazer o carisma das Monjas Capuchinhas, filhas de Santa Clara, sob a inspiração da Beata Maria Lourença Longo. É fundadora do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil, em Flores da Cunha/RS, inaugurado em 1981 e do Mosteiro Santa Verônica Giuliani em Macapá/AP (2003). Foi Madre das Irmãs na clausura e de muitos filhos e filhas espirituais que buscavam seu alento, conselho e fortaleza, pessoalmente ou por carta.

Sempre apontava o amor e a misericórdia de Jesus expressado em sua dolorosa Paixão por amor de nós. Vivia esse memorial na Santa Missa com profunda  devoção e não abria mão desse privilégio, chorando quando era obrigada a privar-se dele. Falar do amor de Jesus  pela humanidade e convidar as pessoas a amá-Lo era sua principal característica. Viveu lúcida e sorridente até fim. Fiel, generosa e sobre todas as coisas oblativa: sua vida foi serviço e alegria.

Fazia sobremaneira trabalhos intelectuais e artísticos, cuidando para nunca estar ociosa, e sempre se acupava ao menos com um trabalho braçal por dia. Gostava de aprofundar suas reflexões com leituras espirituais. Toda vez que era convidada a falar em público exaltava e dava glórias ao seu Esposo, finalizando seu comentário entusiasmada e com um: "Evviva Gesù!"

Mesmo com sua longa idade e apresentando as limitações que isso acarreta, nunca perdeu a alegria e entusiasmo de viver. Em seus últimos momentos perguntada como se sentia disse - 'Gratidão!'. A Palavra que lhe atesta a existência está em Lc 11,28: Jesus replicou: "Antes bem aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!". Faleceu após 28 dias de internação, entre convalescença e melhoras, na aurora do dia 24 de julho de 2023.

Mensagem aos amigos (as) por ocasião de seu aniversário:
"Aos caríssimos amigos e amigas que me enviaram mensagens por ocasião dos 92 anos de idade, um grande, imenso obrigado! Eles são ajuda eficaz para viver na atmosfera de liberdade e amor que o Espírito de Deus nos revela na pessoa de nosso Senhor e Salvador: Jesus! A Ele toda a glória, aos amigos e amigas as graças de saúde, paz e alegria.

Meus 92 anos - dos quais 70 de consagração*: 43 vividos no Brasil- passaram como um sopro; neles senti como o Senhor Jesus está perto de seus amigos e os guia por veredas de paz. Foi Ele que se foi manifestando, corrigindo e tornando-me capaz de AMAR! Obrigado, Senhor!"

(*) 66 anos de consagração claustral e quatro de consagração no Instituto Secular das Missionárias de Cristo Rei.  

No dia 14 de setembro de 2019 recebeu, com entusiasmo e gratidão, uma linda homenagem da Câmara Municipal de Flores da Cunha, de reconhecimento de sua dedicação na Vida Religiosa Contemplativa, como membro honorário da cidade, após trinta e oito anos da sua chegada. Acolheu todas as belas palavras com simplicidade e afeto, tornando-se Cidadã Florense. 




 Atualizada em 02/05/2024.

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