Vigilante quanto ao desejo de ser pobre como Jesus, Clara não trabalha por dinheiro, nem mesmo para com ele prover as necessidades de sua comunidade; não almeja segurança financeira, para isso confia totalmente na Providência Divina, que a sustenta com as esmolas que os assisenses lhe enviam. Quer viver como pobre entre os pobres.
Na sua Forma de Vida (Regra) ensina suas Irmãs a sempre seguir o exemplo dado por Jesus, confiando em sua misericórdia e providência: "E como peregrinas e forasteiras neste mundo, servindo ao Senhor na pobreza e na humildade, mandem pedir esmola confiadamente, e não precisam ficar com vergonha, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo" (RgCl).
Desapegada de tudo o que é terreno, a Santa trabalha para fazer bom uso do dom recebido, ocupar-se em algo honesto e útil, pensando sempre em recolher tesouros no Céu. Atenta para em tudo manifestar amor ao Crucificado doa o que é tecido e bordado em São Damião às igrejas pobrezinhas de Assis para assim celebrarem dignamente o culto eucarístico.
O trabalho para Santa Clara é um dom recebido de Deus e por isso um meio para glorificá-Lo, assim ela contraria a mentalidade da sua época que menospreza os serviços manuais, elevando-o. Também ensina que ao fazer bom uso do tempo com os afazeres cotidianos se santifica a alma, no entanto, sem dar primazia às ocupações, mas colocando-as em seu devido lugar.
Daí repetir às suas Irmãs, na sua Forma de Vida, a mesma exortação que São Francisco faz aos seus frades: "As Irmãs a quem o Senhor deu a graça de trabalhar trabalhem com fidelidade e devoção, ..., de modo que, afastando o ócio, inimigo da alma, não extingam o espírito da santa oração, ao qual as outras coisas temporais devem servir" (RgCl).
A total doação da vida a serviço do Reino não nos exime do bom uso dos dons recebidos de Deus; na Vida Contemplativa os frutos não devem ser colhidos apenas na oração de louvor ou de súplica, mas também no serviço manual e intelectual em conformidade com a obediência recebida para suprir as demandas da própria fraternidade.
Também, quando possível, atender as necessidades da sociedade civil, dentro das possibilidades do nosso carisma. No seguimento do Cristo pobre há sempre uma maneira de ser presença operante e Santa Clara nos deixou esse eloquente exemplo de uma fé ativa que sabe fazer bom uso de todos os meios para a glória de Deus e para a difusão do seu Reino.
Estar próximas e ser solícitas quanto as necessidades da sociedade em que estamos inseridas é um modo de também viver nosso carisma, assim como fez Santa Clara em Assis sem, no entanto, contrariar nosso modo de vida, uma vez que somos membros ativos do Corpo Místico de Cristo, mas sob outros aspectos, colocando-nos sempre como canais da graça divina para toda a humanidade.
Em tudo buscando sempre a glória de Deus, tornando manifesto o amor que nos une e nos move pelo bem de todos: "E amando-vos uma às outras com a caridade de Cristo, demonstrai por fora, por meio das boas obras, o amor que tendes dentro, para que, provocadas por esse exemplo, as Irmãs cresçam sempre no amor de Deus e na mútua caridade" (TestCl).
Atualizada em 18/10/2024.
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