Quer sempre mais se conformar com Jesus que, sendo Deus, se fez "o mais vil de todos, desprezado, ferido e tão flagelado em todo o corpo, morrendo no meio das angústias da cruz", como escreve na segunda Carta à Inês de Praga (2CtIn). A existência como pobre entre os homens nada mais é, para Clara, do que viver na autenticidade aquilo que se é diante de Deus.
Além da renúncia aos bens materiais dá-se também a ruptura com tudo que se refere a exaltação humana, é uma entrega total de si, de liberdade quanto a própria vontade quando a mesma é contrária ao querer divino. É se deixar moldar inteiramente ao Senhor que em tudo se fez obediente ao Pai, acolhendo até mesmo os sofrimentos que culminaram na morte de cruz.
A pobreza clariana imita a entrega, a minoridade e a humildade do Filho de Deus, e não o faz por temor ou gosto sombrio, mas por um amor cheio de reconhecimento e gratidão a Jesus que se despojou da sua condição divina para dar à humanidade a salvação eterna. É a acolhida do se fazer um outro Cristo por amor a Ele, e por todos que lhe são caros; uma vida numa total comunhão de bens.
É um conformar-se ao Crucificado com amor incondicional, com perfeita fidelidade, como escreve a Santa Inês: "Se você sofrer com ele, com ele vai reinar; se chorar com ele, com ele vai se alegrar, se morrer com ele na cruz da tribulação vai ter com ele mansão celeste nos esplendores dos santos. E seu nome, glorioso entre os homens, será inscrito no livro da vida" (2CtIn).
Atualizada em 18/10/2024.
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