Forma de Vida Francisclariana

        
Forma de Vida de Santa Clara
Local da oração comum (Coro) no mosteiro de São Damião (Assis/Itália).

A grande inovação da comunidade que começa a ser formada em São Damião com Clara, sua irmã Inês, Pacífica de Guelfúcio e Benvinda - todas pertencentes ao clã dos Favarone, é a vivência de uma espiritualidade profundamente fraterna, ela não é hierárquica, como as tradicionais ordens monacais, quer simplesmente servir ao Senhor, mas no mesmo modo de vida escolhido por São Francisco: a minoridade, que imita o Pobre de Nazaré, no entanto, sem ser itinerante.

Em São Damião não se precisa de dote para ingressar, todas as mulheres que se sentem chamadas a essa vida são recebidas com amor, o que une num mesmo espaço pobres e ricas, servas e senhoras, importa a vocação, o chamado a servir ao Senhor, colocando sua vida a serviço de toda a humanidade. Como irmãs todas devem buscar o bem uma das outras e assim glorificar a Jesus com suas boas atitudes.

Assim Santa Clara se expressa em seu Testamento espiritual, sobre os frutos do bom convívio fraterno: "E amando-vos umas às outras com a caridade de Cristo, demonstrai por fora, por meio das boas obras, o amor que tendes dentro, para que provocadas por esse exemplo, as Irmãs cresçam sempre no amor de Deus e na mútua caridade" (TestCl). É o amor a Jesus que deve motivar e gerar boas relações.

Santa Clara nunca se nomeia como monja, e mesmo quando pressionada pela Igreja a adotar a Regra de São Bento, evidencia sua 'filiação' franciscana e, por isso, resiste bravamente a todo oferecimento do Papa que visa o enriquecimento do mosteiro. Para permanecer no seu carisma busca como alternativa o Privilégio da Pobreza, uma autorização papal para não adquirir nenhuma propriedade, pois assim evita a segurança econômica por vias humanas.

Atenta em salvaguardar seu carisma, Clara relata em seu Testamento: "Para maior segurança, tive a preocupação de conseguir do senhor papa Inocêncio, em cujo tempo começamos, e dos seus sucessores, que corroborassem com os seus privilégios a nossa profissão da santíssima pobreza, que prometemos ao Senhor e ao nosso bem-aventurado pai, para que em tempo algum nos afastássemos dela de maneira alguma" (TestCl).

No documento que redige, já no final de sua vida, pautada na sua experiência, para garantir a fidelidade às origens e sua filiação franciscana, ao qual denominamos "Regra de Santa Clara", ela assim escreve: "A forma de vida da Ordem das Irmãs Pobres, que o bem-aventurado Francisco instituiu, é esta: Observar o santo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade" (Rgcl). 

Para Santa Clara a pobreza norteia o seguimento fiel a Jesus, que sendo Deus se fez homem e nasceu entre pobres, "quis aparecer no mundo desprezado, indigente e pobre, para que os homens paupérrimos e miseráveis, na extrema indigência do alimento espiritual, nele se tornassem ricos possuindo os reinos celestes" (1CtIn).  daí toda a sua minoridade estar como que pautada neste valor, o que também favorece a não distinção entre as Irmãs. 

Atualizada em 17/02/2025.

 

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