"Deixe de lado tudo que neste mundo falaz e perturbador prende seus cegos amantes e ame totalmente o que se entregou inteiro por seu amor" (3CtIn).
A vida contemplativa exige um constante colocar-se diante do espelho que é Jesus; e isso pede um maior afastamento do século. Hoje, como ontem, as grades não tiram a liberdade, não nos aprisionam, apenas evidenciam que aquele espaço físico é local de total acolhida e comunhão com Deus. O mosteiro é como a montanha que se sobe para estar mais próximo do Céu.
O limite dado ao corpo é um meio de favorecimento ao espírito, que livre dos embaraços e burburinhos do mundo pode dedicar-se inteiramente ao Senhor, colocando-se a sua escuta, uma vez que Ele fala à alma no silêncio. É necessário a solidão que favorece o encontro consigo mesmo e com o Outro. O próprio Jesus subia sempre a montanha para estar em maior comunhão com o Pai.
Muitas são as pessoas que se inquietam por verem as monjas 'atrás' das grades, mas ignoram que essa opção nos possibilita "viver com o corpo recolhido para podermos servir ao Senhor com espírito livre", como consta em nossas Constituições. Não é uma imposição da Igreja, visto que se exige a separação material, mas não se nomeia a forma.
E para quem está do lado de dentro da clausura é o mundo que está atrás das grades, vítima dos mais diversos aprisionamentos. Há quem se aflija com o silêncio, com o estar consigo mesmo, há como que um desejo constante de fuga da realidade e de seus temores. Nós, ao contrário, diminuímos e mesmo afastamos, mais facilmente, tudo que possa tornar-se um obstáculo à comunhão com o Amado.
Assim já escreve, exultante, Santa Clara, que descobriu no silêncio e no escondimento a alegria da pertença a Jesus, e da sua contínua presença, longe das 'interferências' do mundo, num permanente cultivo da comunhão com o divino: "Que troca maior e mais louvável: deixar as coisas temporais pelas eternas, merecer os bens celestes em vez dos terrestres e possuir a vida feliz para sempre!" (1CtIn).
Atualizada em 11/10/2024.
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