(Itália - 1685 / 1767) Memória Litúrgica: 12 de junho |
"O Senhor que me chamou é todo poderoso e pode me ajudar a realizar todas as coisas".
Lucrécia Helena Cévoli nasce em 11 de dezembro de 1685, na mais nobre família de Pisa, filha do Conde Curzio Cévoli e da Condessa Laura della Seta. É a décima primeira dos quatorze filhos do casal. Cresce num ambiente cristão e sereno, desde cedo revela um temperamento austero e por demais reservado. Precocemente nasce-lhe o desejo de não ser servida e demostra profundo respeito pelos que se ocupam do trabalho doméstico em sua casa.
Enviada ao convento com suas irmãs maiores como educanda se recusa a receber os privilégios ligados à sua condição social, preferindo ajudar as Irmãs que se dedicam a limpeza. Sob a orientação do seu Confessor descobre sua vocação à Vida Contemplativa, por sua inclinação ao sofrimento este sugere-lhe abraçar o carisma de Clarissa Capuchinha e tal proposta a assusta.
Completados os 17 anos e estando apta no latim, no francês, no bordado e na pintura - o máximo de conhecimento que se permitia a uma mulher daquela época, retorna ao lar. Inserida na vida social percebe todas as possibilidades que tem ao alcance, tanto as positivas quanto as negativas, transcorridos alguns meses decide revelar aos pais sua decisão de fazer-se religiosa Capuchinha.
A mãe chora mas logo cede à decisão da filha por conhecer sua capacidade de dominar os próprios sentimentos, e maturidade em suas opções, mas o pai decide examinar sua vocação fazendo-se presente num interrogatório dirigido por um douto Religioso. Lucrécia não se deixa intimidar responde com firmeza e decisão modesta. O pai então consente.
Sempre demonstrara grande inteligência para tudo, com avançado discernimento humano e espiritual, isso desde os dois anos de idade, algo anormal. No entanto ao escolher o vestido de esposa, como era comum na época para ingressar na vida claustral, estando com dezoito anos, pede "um vestido de brocado com fundo rosa", e fica desiludida por só encontrar um de fundo branco.
Lucrécia, desejando que sua vida seja um grande holocausto de amor pelo Senhor escolhe um mosteiro distante de sua casa e reconhecido por sua austeridade: Cittá di Castello. Mas as Irmãs apresentam muitas restrições em aceitá-la, considerando sua condição social e os hábitos senhoris em contraste com a vida de pobreza e simplicidade no mosteiro.
A mestra de noviças Irmã Verônica Giuliani é uma das mais resistentes, somente após uma visão de que a jovem será uma autêntica Capuchinha lhe dá parecer favorável. Ao iniciar a etapa formativa do noviciado Lucrécia recebe o nome de Flórida, em homenagem a São Flórido, santo patrono da cidade. Sua conduta equilibrada e firme logo dissipa todas as dúvidas que antes predominavam na comunidade.
No dia da sua vestição prepara-se para seu novo gênero de vida renunciando voluntariamente a todo o tipo de satisfação terrena, porém naquele momento o Senhor lhe faz ver que daquela hora em diante terá de renunciar também a todos os consolos espirituais. E ao receber a cruz de madeira que lhe é imposta pelo bispo sente-a tão pesada que mal pode andar.
Ao conhecer o alto nível social, intelectual e espiritual da sua formanda, santa Verônica teme não conseguir lhe ser uma boa mestra, tendo pouco a lhe oferecer, mas Jesus, em seu íntimo, lhe dá uma resposta consoladora: "Eu serei o mestre!" e também a Virgem Maria se manifesta a respeito da nova noviça: "Tenha cuidado, oh, Verônica, de minha Flóridinha, glória minha e glória de meu divino Filho".
Desejando seguir o caminho da Cruz com todo o amor, Flórida anseia cumprir todas as observâncias conventuais com o maior rigor, de modo especial o jejum perpétuo imposto pela Regra, mas por ter uma digestão muito rápida seu estômago não suporta tal prática e recebe a prescrição médica de alimentar-se várias vezes ao dia. Obedece, pois após inúmeras tentativas compreende que o jejum não é da vontade de Deus.
Discípula fiel da mestra (Santa Verônica Giuliani), que conhecedora da sua sede de conformar-se em tudo a Jesus Crucificado, a estimula a galgar os mais altos degraus da mística contemplativa. Obediente e simples, Flórida sofre muito na vida fraterna com os costumes rudes e até mesmo toscos de algumas Irmãs, tanto no trato pessoal como a mesa, e isso lhe serve de meio de santificação.
Oriunda de uma família nobre tem gestos e linguagem delicada, mas procura sempre ver além das aparências e mantém oculto tudo o que lhe faz sofrer, destacando-se por sua capacidade de servir e amar a todas sem distinção. Desempenha todos os ofícios do mosteiro: porteira, cozinheira, mestra de noviças e abadessa, agindo sempre com espírito de serviço e incentivando à observância com o exemplo de sua própria vida.
Desenho do coração da Beata, realizado após sua morte, com os símbolos da Paixão encontrados no interior da artéria aorta. |
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