Vocação clariana

        Irmã Terezinha: um 'sim' decidido ao chamado
Clarissa Capuchinha

Irmã Terezinha Maria Bortoli é a caçula de nove filhos dos colonos Mateus Bortoli e Amabile Gasparin Bortoli, descendentes de imigrantes italianos. Foi para a escola apenas por dois anos na infância, lá começou a aprender a língua portuguesa porque até então só falava em dialeto Vêneto. Desejou muito continuar os estudos mas como os irmãos mais velhos já os tinham concluido,  foi privada deste direito, em razão da longa distância.

Não desistiu de aprender e com a auxílio dos irmãos foi estudando no lar. Ainda jovem ficou sozinha em casa com os pais; como única filha solteira coube a ela além do serviço doméstico, o da roça, como manejar o arado, e o da ordenha, ali desenvolveu força e garra impressionantes. Já tendo desde menina o desejo de pertencer completamente a Deus, um dia convidada por uma equipe de religiosos e religiosas missionários que passaram em sua vila teve a oportunidade de realizar seu sonho. 

Logo preparou um enxoval a contragosto dos pais que esperavam ser cuidados por ela e esperou o retorno do missionário Padre Gaetano Gecchele (Pobre Servo da Divina Providência). Como ele demorasse pegou um cavalo e partiu a galope em direção a cidade, lá conversou com o pároco que lhe disse: ’Estou indo para capital amanhã, se quiser mesmo ir eu te levo’, a galope voltou para casa e juntou a trouxa pobre.

No outro dia acompanhou o pároco que a levou até umas Irmãs uruguaias que, não obtendo licença para continuar no Brasil,  a encaminharam com algumas aspirantes para outras congregações religiosas. Foi destinada às Irmãs Paulinas mas, durante as visitas, tendo conhecido as Irmãs Murialdinas de São José, em Caxias do Sul, encantou-se com sua pobreza e simplicidade, pediu para ficar com elas e foi aceita; era o ano de 1976 e estava com 21 anos.

Lá estudou, trabalhou e serviu a Deus, auxiliando com as séries iniciais, no magistério, na Fazenda Souza, até ouvir um novo chamado, agora à Vida Contemplativa. Pensava em ser Carmelita, foi aconselhar-se com o Frei Luís Turra (OFMCap) e este disse-lhe para ir conhecer as Clarissas Capuchinhas em Flores da Cunha; ela veio, viu e gostou.

Ingressou no Mosteiro Nossa Senhora do Brasil em 1987, por já ser Irmã de votos perpétuos em outra congregação religiosa fez três anos de provação. Ao final desse período  professou segundo as nossas Constituições, em 31 de maio de 1990. Na fraternidade exerceu as mais diversas funções: foi mestra, Abadessa, costureira, sacristã, jardineira e hortelã (cuidadora da horta).

Clarissa Capuchinha: Irmã Terezinha Bortoli

Sempre colocou amor em tudo o que fez, sendo muito dedicada e eficiente em todas as atividades que desempenhou. Tinha grande alegria com o convívio fraterno, gostava de estar em comunidade, animando-se com a companhia das Irmãs, demonstrava especial prazer nos momentos de recreio, onde se divertia contando piadas e participando de brincadeiras lúdicas. 

Começou manifestar Mal de Parkinson em 2013; a doença foi se agravando gradativamente,  e em 2016 passau do uso de muleta para o da cadeira de rodas, pois suas pernas foram as mais afetadas, mas sempre dizia: “Mesmo na cadeira de rodas, eu sou feliz. Sou feliz porque Deus me ama e as Irmãs também me amam muito.” 

Nos últimos dois anos era dependente em tudo e aceitava todo auxílio com muita simplicidade e gratidão. Verdadeiramente pobre e humilde estava sempre a elogiar e agradecer as Irmãs por toda a ajuda recebida. Foi internada em 29 de junho, aparentemente era algo simples, mas os desígnios de Deus são perfeitos e Ele teve compaixão de seu sofrimento. 

Mesmo no agravamento de sua enfermidade nunca foi tristonha, nem amargurada, pelo contrário, mantinha o semblante alegre e sereno, e procurava esconder suas insatisfações e cansaço por seu estado físico. Partiu para a casa do Pai no dia 13 de julho, aos 71 anos. Louvado seja Deus por haver criado a Irmã Terezinha e a colocado ao nosso lado!


Atualizada em 25/10/2024.

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