A Ordem das Monjas Capuchinhas é fruto da inspiração recebida pela burguesa catalã Maria Longo (Llonc) (+1539); membro da Ordem Franciscana Secular, então residente em Nápoles (Itália), onde fora em razão do trabalho do marido, que era regente da Chancelaria Real. Tendo sido envenenada por uma criada e sofrendo com a paralisia das mãos e pés, três anos após ficar viúva, foi pedir a graça da cura na Santa Casa de Loreto, onde se deu o milagre e ficou restabelecida; decidiu então acrescentar 'Lourença' (Lorenza) ao seu nome.
De volta a Nápoles dedicou-se às obras de caridade, auxiliou na fundação e dirigiu o Hospital de Santa Maria do Povo, conhecido como "Hospital dos Incuráveis", onde ajudava a cuidar dos enfermos, visando tanto a saúde do corpo quanto da alma. Ali também acolheu os Frades Menores Capuchinhos, no início da reforma da Ordem (1530), período de grandes tribulações.
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| "Hospital dos Incuráveis" (Nápoles/Itália) |
Movida por grande zelo percorria as ruas da cidade, nos locais onde proliferava a prostituição, admoestando as meretrizes e oferecendo-lhes auxílio a fim de mudarem de vida, obtendo muitos êxitos. Junto ao Hospital, Maria Lourença Longo deu início, mais tarde, a duas fraternidades de Irmãs enclausuradas: uma para as ex-prostitutas que queriam uma vida de penitência, conhecida como "mosteiro das convertidas" e outra para virgens, pertencente a Ordem Franciscana Secular.
Este segundo mosteiro originou o Santa Maria de Jerusalém, denominado popularmente como "Mosteiro das Trinta e Três", cujo reconhecimento canônico se deu 1535, pelo Papa Paulo III. Em razão da assistência espiritual dos Frades Menores Capuchinhos, a semelhança das vestes e alguns elementos das suas Constituições, que a fundadora adotou para a nova família religiosa, deu-se a denominação de "Capuchinhas".
Em 1538 o mesmo Papa reconheceu a Ordem das Monjas Capuchinhas como um "mosteiro da mais estrita observância da Ordem de Santa Clara", destacando-se pela austera pobreza, a rígida vivência da clausura e intensa vida espiritual e fraterna. Estava realizado o desejo da Madre Maria Lourença Longo, que ansiara fundar um mosteiro dentro do espírito da reforma dos Frades Capuchinhos para resgatar o carisma de Santa Clara em toda a sua originalidade.
Logo as Irmãs tornaram-se conhecidas como Clarissas Capuchinhas e a fama de santidade das monjas do mosteiro napolitano das "Trinta e Três", que viviam com autenticidade e alegria a pobreza e simplicidade norteada pela Regra clariana, ultrapassou as fronteiras italianas. Devida as limitações da idade e novamente agravada a paralisia, Maria Lorença tudo encaminhou para quando se ausentasse, deixando a nova Ordem bem regulamentada perante a Igreja.
Um ano após o reconhecimento Papal da Ordem das Clarissas Capuchinhas Maria Lourença Longo faleceu em Nápoles em odor de santidade aos 76 anos, deixando um legado de oração e ajuda aos necessitados através do Hospital dos Incuráveis que contínua em plena atividade, e dos mosteiros de contemplativas que seguem a Regra de Santa Clara buscando seguir o Cristo pobre e humilde através da observância do santo Evangelho.
Mesmo com as dificuldades em razão da distância em manter certa uniformidade (em decorrência do clima há diferença na cor e no formato do hábito, por exemplo), como acontecera com as Irmãs que desejavam viver como Santa Clara em São Damião, a nova Ordem se espalhou por toda a Europa, chegando ao continente asiático e também ao continente africano, indo até às Américas. Atualmente são mais de 150 mosteiros no mundo.
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| Relíquia da Beata Maria Lourença Longo (Itália) |
No Brasil existem cinco mosteiros : Flores da Cunha/RS (Mosteiro Nossa Senhora do Brasil) e Macapá/AP (Mosteiro Santa Verônica Giuliani), o segundo é uma fundação do primeiro e ambos pertencem à Federação Italiana. Palmas/TO (Mosteiro Coração Eucarístico de Jesus e Nossa Senhora Aparecida), pertencente à Federação Chilena, Juína/MT (Mosteiro São Francisco e Santa Clara) e Manaus/AM (Mosteiro São Damião) das Clarissas Capuchinhas Sacramentárias, federados no México.
